Passaram mais de 4.000 anos. Você, querida, é uma mulher e encontra-se numa maravilhosa procissão. O desfile começou no palácio, e depois de várias horas de percurso por ruas estreitas, encontra-se finalmente no seu destino. Atiram-lhe flores, e todas as pessoas gritam, em louvor. Está vestida com um longo e leve vestido branco, adornado com fino ouro trazido de minas situadas a centenas de quilômetros dali. Outras mulheres caminham ao seu lado, semelhantes no seu esplendor. Embora a multidão lhe demonstre admiração, você não sorri. O protocolo está estabelecido, e precisa seguir as regras cerimoniais. A procissão avança lentamente seguindo o rufar dos tambores, tocados pelos músicos, que seguem atrás de você. Um grande objeto, transportado a sua frente, lidera a marcha. É pesado e é necessário muitos servos para levá-lo. O ar do deserto é sufocante e, como é normal nesta hora do dia, sopra um vento quente. Não lhe interessa a energia que gasta com isto, porque amanhã lhe será indiferente. Avança cansada, mas alerta. Sente-se honrada porque é uma líder espiritual entre as mulheres. Você e as suas assistentes estão prestes a serem honradas acima de tudo e receberão recompensas, muito antes do que qualquer um dos outros que lhes rodeiam. Lentamente, o desfile avança para a área designada, onde se detém. Os tambores continuam monótonos, e os músicos vão até um ponto elevado, sempre tocando, e subindo os degraus, no seu devido tempo. Finalmente, fazem meia volta lá da sua posição elevada, viram-se para vocês e param. Não se ouve nem se sente nada, exceto o vento. Faz muito calor. Estiveram vários dias preparando a ocasião. Banhos, óleos e muito trabalho de preparação por parte dos criados do rei, fizeram de você uma obra de arte. O seu rosto nunca antes teve este aspecto. O seu cabelo tem numerosos adornos; ouro e pedras preciosas enobrecem o seu pescoço e braços. O peso de tudo isto está começando a cansá-la, depois das muitas horas de caminho, a pé, desde o palácio, mas o seu orgulho não permite que ninguém perceba. Aqui está, serena, na entrada do túmulo do faraó. Sabe o que vai acontecer em seguida. Há silêncio enquanto os músicos começam a canção da ascensão. Um ritmo perseverante convida-a a andar lentamente. Você e os outros avançam atrás do sarcófago, com passos ensaiados, enquanto descem a longa rampa que leva para o interior da pirâmide. Lançam-se mais flores. Há incenso por todas as partes, e você desce lentamente a rampa até a entrada para o interior. Enquanto o grupo avança pelo declive, as paredes da rampa oferecem um pouco de sombra e de frescura, pela primeira em muitas horas. De repente, está dentro da pirâmide. Está bastante fresco! Há umidade e um pouco de água. Lentamente, deixa de ouvir o som da multidão que se encontra no exterior. Avançando pelo túnel, forma-se uma fila indiana; outro movimento ensaiado. Agora há tochas iluminando o caminho, e o que ainda se ouve do exterior é a batida surda dos tambores. Sente-se tomada pela reverência, e os sacerdotes guiam o caminho até a sala final, onde se entra no ritual cerimonial da vida eterna, e espera. Nunca tinha estado na pirâmide. Nunca permitiram isto. Todos os ensaios foram feitos no palácio, numa sala quase idêntica a qualquer outro círculo cerimonial, e agora sabe porquê. O sarcófago dourado é colocado na grande câmara de pedra e a cobertura é baixada. Os mecânicos do faraó tiram as cordas e os apoios da cobertura de pedra, e desaparecem rapidamente por onde entraram, quase correndo na sua ânsia de sair. O sacerdote dá o sinal, e você toma a sua posição na sala com o assento de pedra. Outro sinal, e senta. Sentar-se é agradável, mas continua sem sorrir. Os sacerdotes também se sentam e permanecem em silêncio. Tudo continua em silêncio. Então, ouve um som, um som que poucos terão ouvido porque você estava numa posição estratégica, e que ninguém sobreviveu para descrevê-lo. É um som que você sabe que será o último que ouve enquanto humana. O além lhe espera e as barcas estão preparadas não muito longe de você. Foram anos de preparação e, mesmo assim, algo está surgindo dentro de você: o medo! Os outros sentem-no? Mas agora irá morrer! Isto é real! O som prossegue durante bastante tempo. Ecos distantes e próximos de tetos descendo, de portas se fechando, pedra após pedra descendo, movidas por sistemas hidráulicos que só funcionam num sentido. Uma vez esvaziada a areia, as pedras descem e já não há como levantá-las. Os ladrões não poderão entrar no túmulo. Os mecânicos do faraó, no exterior, começam o seu trabalho para disfarçar os túneis e de construir outros que enganem quem quiser roubar a preciosa câmara do seu rei. Você sabe que, antes que os trabalhadores acabem de fechar o túmulo, estará morta. As tochas apagam-se lentamente e você tem consciência de que, em breve, estará na mais completa escuridão. Esta é a última luz que verá! O ar começa a ficar viciado. Nunca teve medo de estar em espaços fechados, mas isto é diferente. Este é o seu túmulo! Continua sentada, mas está tremendo. Ouve gemidos e soluços ao seu redor, e percebe que não está sozinha no seu horror e medo. Era bom fazer parte do ambiente espiritual do faraó, mas realmente não esperava que este dia chegasse. Pensou que o faraó seria muito mais velho quando morresse; e em compensação, a sua morte chegou muito rapidamente! Sabia que aquelas que lhe rodeavam, incluindo você, iriam para o túmulo com ele; mas era tudo uma fantasia, algo do futuro. Comprometeu-se com uma busca espiritual e foi uma dos líderes espirituais da corte do faraó durante anos. Agora está quase na escuridão, em uma pequena sala, onde o ar nunca entrará ou onde não voltará novamente a ver o sol. Luta contra o pânico. Não pode sair! Cada vez é mais difícil respirar! Está escuro! Como se adivinhasse o que você está pensando, um sacerdote se levanta. Com dificuldade por causa da falta de luz, repara no que ele está fazendo: ajoelha-se, tira umas folhas do bolso e amassa-as no chão de pedra. Quase não há luz. Tira a última tocha acesa e acende as folhas. Você nota mais luz quando a pequena pilha de folhas se incendeia. Vê brevemente os outros nas suas alcovas. Alguns têm os olhos abertos, cheios de terror. Sente uma doce fragrância e sabe o que é. “Ah! Quão humano é tudo isto”, pensa. “Ninguém nos falou disto. Obrigada, homem sagrado.” Envia estes pensamentos ao sacerdote, enquanto sente um sentimento de evasão. Respira profundamente o fumo das folhas e sente a cabeça leve. Mais algumas inspirações profundas e perde a consciência. Já não há ansiedade. A droga fez com que dormisse para poder passar da vida à morte sem resistir. Finalmente, surge um sorriso no seu rosto… e é assim que os ladrões a encontrarão quando conseguirem atravessar as pedras para roubar as jóias dos seus braços e pescoço, as mesmas que o seu rei selecionou para levar consigo para a eternidade. Meus queridos, acabam de presenciar a morte de todo o grupo auxiliar do faraó, porque as coisas eram assim. Quando o faraó morria, os assistentes espirituais lhe acompanhavam no túmulo, para que pudesse dispor da mesma ajuda ao chegar no além. Agora, neste grupo há uma pessoa que teme de tal modo o compromisso e a iluminação, que literalmente fugirá antes de se decidir a procurar Deus novamente. Neste momento, sente-se incômoda e recorda que… aproximar-se de qualquer intenção espiritual equivale a morrer! Mas este é o momento de mudar. De novo o amor de Deus suavizará o seu medo. É o momento de voltar a entrar metaforicamente no túmulo, porque, desta vez, ele não será fechado. Desta vez, pode atravessá-lo para continuar vivendo na Terra. Deus lhe pede que, neste momento, considere a declaração da intenção da iluminação completa. Una-se ao grupo dos assistentes que rodeiam o Rei dos Reis; mas, desta vez, viva a sua própria grande vida enquanto continua no planeta. Não haverá nenhuma morte prematura se decidir fazer isto, e o seu carma será rompido! Escute a voz do amor que lhe fala agora, e saiba que esses sentimentos nunca mais voltarão a visitá-la. Nunca mais tema o caminho espiritual, porque esconder-se no fantasma do seu medo cármico é a energia típica deste lugar. E assim é.
quinta-feira, 1 de novembro de 2007
Passaram mais de 4.000 anos. Você, querida, é uma mulher e encontra-se numa maravilhosa procissão. O desfile começou no palácio, e depois de várias horas de percurso por ruas estreitas, encontra-se finalmente no seu destino. Atiram-lhe flores, e todas as pessoas gritam, em louvor. Está vestida com um longo e leve vestido branco, adornado com fino ouro trazido de minas situadas a centenas de quilômetros dali. Outras mulheres caminham ao seu lado, semelhantes no seu esplendor. Embora a multidão lhe demonstre admiração, você não sorri. O protocolo está estabelecido, e precisa seguir as regras cerimoniais. A procissão avança lentamente seguindo o rufar dos tambores, tocados pelos músicos, que seguem atrás de você. Um grande objeto, transportado a sua frente, lidera a marcha. É pesado e é necessário muitos servos para levá-lo. O ar do deserto é sufocante e, como é normal nesta hora do dia, sopra um vento quente. Não lhe interessa a energia que gasta com isto, porque amanhã lhe será indiferente. Avança cansada, mas alerta. Sente-se honrada porque é uma líder espiritual entre as mulheres. Você e as suas assistentes estão prestes a serem honradas acima de tudo e receberão recompensas, muito antes do que qualquer um dos outros que lhes rodeiam. Lentamente, o desfile avança para a área designada, onde se detém. Os tambores continuam monótonos, e os músicos vão até um ponto elevado, sempre tocando, e subindo os degraus, no seu devido tempo. Finalmente, fazem meia volta lá da sua posição elevada, viram-se para vocês e param. Não se ouve nem se sente nada, exceto o vento. Faz muito calor. Estiveram vários dias preparando a ocasião. Banhos, óleos e muito trabalho de preparação por parte dos criados do rei, fizeram de você uma obra de arte. O seu rosto nunca antes teve este aspecto. O seu cabelo tem numerosos adornos; ouro e pedras preciosas enobrecem o seu pescoço e braços. O peso de tudo isto está começando a cansá-la, depois das muitas horas de caminho, a pé, desde o palácio, mas o seu orgulho não permite que ninguém perceba. Aqui está, serena, na entrada do túmulo do faraó. Sabe o que vai acontecer em seguida. Há silêncio enquanto os músicos começam a canção da ascensão. Um ritmo perseverante convida-a a andar lentamente. Você e os outros avançam atrás do sarcófago, com passos ensaiados, enquanto descem a longa rampa que leva para o interior da pirâmide. Lançam-se mais flores. Há incenso por todas as partes, e você desce lentamente a rampa até a entrada para o interior. Enquanto o grupo avança pelo declive, as paredes da rampa oferecem um pouco de sombra e de frescura, pela primeira em muitas horas. De repente, está dentro da pirâmide. Está bastante fresco! Há umidade e um pouco de água. Lentamente, deixa de ouvir o som da multidão que se encontra no exterior. Avançando pelo túnel, forma-se uma fila indiana; outro movimento ensaiado. Agora há tochas iluminando o caminho, e o que ainda se ouve do exterior é a batida surda dos tambores. Sente-se tomada pela reverência, e os sacerdotes guiam o caminho até a sala final, onde se entra no ritual cerimonial da vida eterna, e espera. Nunca tinha estado na pirâmide. Nunca permitiram isto. Todos os ensaios foram feitos no palácio, numa sala quase idêntica a qualquer outro círculo cerimonial, e agora sabe porquê. O sarcófago dourado é colocado na grande câmara de pedra e a cobertura é baixada. Os mecânicos do faraó tiram as cordas e os apoios da cobertura de pedra, e desaparecem rapidamente por onde entraram, quase correndo na sua ânsia de sair. O sacerdote dá o sinal, e você toma a sua posição na sala com o assento de pedra. Outro sinal, e senta. Sentar-se é agradável, mas continua sem sorrir. Os sacerdotes também se sentam e permanecem em silêncio. Tudo continua em silêncio. Então, ouve um som, um som que poucos terão ouvido porque você estava numa posição estratégica, e que ninguém sobreviveu para descrevê-lo. É um som que você sabe que será o último que ouve enquanto humana. O além lhe espera e as barcas estão preparadas não muito longe de você. Foram anos de preparação e, mesmo assim, algo está surgindo dentro de você: o medo! Os outros sentem-no? Mas agora irá morrer! Isto é real! O som prossegue durante bastante tempo. Ecos distantes e próximos de tetos descendo, de portas se fechando, pedra após pedra descendo, movidas por sistemas hidráulicos que só funcionam num sentido. Uma vez esvaziada a areia, as pedras descem e já não há como levantá-las. Os ladrões não poderão entrar no túmulo. Os mecânicos do faraó, no exterior, começam o seu trabalho para disfarçar os túneis e de construir outros que enganem quem quiser roubar a preciosa câmara do seu rei. Você sabe que, antes que os trabalhadores acabem de fechar o túmulo, estará morta. As tochas apagam-se lentamente e você tem consciência de que, em breve, estará na mais completa escuridão. Esta é a última luz que verá! O ar começa a ficar viciado. Nunca teve medo de estar em espaços fechados, mas isto é diferente. Este é o seu túmulo! Continua sentada, mas está tremendo. Ouve gemidos e soluços ao seu redor, e percebe que não está sozinha no seu horror e medo. Era bom fazer parte do ambiente espiritual do faraó, mas realmente não esperava que este dia chegasse. Pensou que o faraó seria muito mais velho quando morresse; e em compensação, a sua morte chegou muito rapidamente! Sabia que aquelas que lhe rodeavam, incluindo você, iriam para o túmulo com ele; mas era tudo uma fantasia, algo do futuro. Comprometeu-se com uma busca espiritual e foi uma dos líderes espirituais da corte do faraó durante anos. Agora está quase na escuridão, em uma pequena sala, onde o ar nunca entrará ou onde não voltará novamente a ver o sol. Luta contra o pânico. Não pode sair! Cada vez é mais difícil respirar! Está escuro! Como se adivinhasse o que você está pensando, um sacerdote se levanta. Com dificuldade por causa da falta de luz, repara no que ele está fazendo: ajoelha-se, tira umas folhas do bolso e amassa-as no chão de pedra. Quase não há luz. Tira a última tocha acesa e acende as folhas. Você nota mais luz quando a pequena pilha de folhas se incendeia. Vê brevemente os outros nas suas alcovas. Alguns têm os olhos abertos, cheios de terror. Sente uma doce fragrância e sabe o que é. “Ah! Quão humano é tudo isto”, pensa. “Ninguém nos falou disto. Obrigada, homem sagrado.” Envia estes pensamentos ao sacerdote, enquanto sente um sentimento de evasão. Respira profundamente o fumo das folhas e sente a cabeça leve. Mais algumas inspirações profundas e perde a consciência. Já não há ansiedade. A droga fez com que dormisse para poder passar da vida à morte sem resistir. Finalmente, surge um sorriso no seu rosto… e é assim que os ladrões a encontrarão quando conseguirem atravessar as pedras para roubar as jóias dos seus braços e pescoço, as mesmas que o seu rei selecionou para levar consigo para a eternidade. Meus queridos, acabam de presenciar a morte de todo o grupo auxiliar do faraó, porque as coisas eram assim. Quando o faraó morria, os assistentes espirituais lhe acompanhavam no túmulo, para que pudesse dispor da mesma ajuda ao chegar no além. Agora, neste grupo há uma pessoa que teme de tal modo o compromisso e a iluminação, que literalmente fugirá antes de se decidir a procurar Deus novamente. Neste momento, sente-se incômoda e recorda que… aproximar-se de qualquer intenção espiritual equivale a morrer! Mas este é o momento de mudar. De novo o amor de Deus suavizará o seu medo. É o momento de voltar a entrar metaforicamente no túmulo, porque, desta vez, ele não será fechado. Desta vez, pode atravessá-lo para continuar vivendo na Terra. Deus lhe pede que, neste momento, considere a declaração da intenção da iluminação completa. Una-se ao grupo dos assistentes que rodeiam o Rei dos Reis; mas, desta vez, viva a sua própria grande vida enquanto continua no planeta. Não haverá nenhuma morte prematura se decidir fazer isto, e o seu carma será rompido! Escute a voz do amor que lhe fala agora, e saiba que esses sentimentos nunca mais voltarão a visitá-la. Nunca mais tema o caminho espiritual, porque esconder-se no fantasma do seu medo cármico é a energia típica deste lugar. E assim é.
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